O rendimento aeróbico depende da interação harmoniosa entre o VO₂ máximo, o limiar de lactato e a eficiência mecânica. Avanços tecnológicos têm ampliado a qualidade das informações coletadas com o atleta em movimento, permitindo medir de forma fidedigna o consumo de oxigênio, a saturação da hemoglobina em regiões específicas e o estresse térmico do organismo.

Em complemento às tradicionais medidas de frequência cardíaca (FC), ritmo e potência, equipamentos leves e portáteis como o VO₂ Master e o Moxy Monitor passaram a integrar a rotina dos atletas de alto rendimento. Enquanto o VO₂ Master mensura a concentração de oxigênio no ar expirado por meio de sensores integrados à própria máscara — e estima os limiares metabólicos utilizando um pneumotacógrafo embutido — o Moxy Monitor emprega espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS) para avaliar o quanto o músculo ativo foi capaz de extrair e utilizar do oxigênio ofertado.

O produto máximo entre a diferença arteriovenosa de oxigênio e o débito cardíaco máximo representa o VO₂ máximo de um indivíduo. Quando combinados a frequencímetros de alta precisão, esses dispositivos fornecem informações relevantes sobre a capacidade máxima de trabalho e orientam quanto aos níveis de intensidade do exercício.

Por exemplo, o impacto de um trote a 10 km/h em um corredor de elite repercute minimamente na frequência cardíaca e no consumo de oxigênio dos músculos ativos. Contudo, com o aumento progressivo da intensidade, observa-se que, apesar da elevada capacidade cardíaca — em grande parte sustentada por expressivos valores de volume sistólico — há um incremento concomitante da frequência cardíaca, que amplia a oferta de oxigênio e nutrientes para os tecidos metabolicamente mais ativos.

Fonte: Travers G, Kippelen P, Trangmar SJ, González-Alonso J. Physiological Function during Exercise and Environmental Stress in Humans—An Integrative View of Body Systems and Homeostasis. Cells. 2022; 11(3):383.
Ainda assim, nem todas as fibras musculares conseguem utilizar esse oxigênio de forma eficiente, já que tal capacidade depende da densidade mitocondrial e da capilarização, ambas adquiridas ao longo do treinamento. As adaptações das unidades motoras são específicas para o movimento realizado e resultam de estratégias de manipulação da carga de exercício, desenhadas para promover respostas biológicas temporais que conduzem o organismo ao máximo rendimento.
Enquanto o VO₂ Master quantifica o consumo global de oxigênio durante o steady state de esforços aeróbicos prolongados, o Moxy Monitor fornece dados localizados sobre a oferta e utilização de oxigênio em grupos musculares específicos. Assim, aumentos da dessaturação local de oxigênio, associados a reduções no consumo global, podem refletir o impacto da elevação da temperatura corporal e da consequente desidratação.
Medições fidedignas do estresse térmico são hoje complementadas pelo uso do Core-2, um sensor térmico vestível que estima a temperatura corporal central por meio de uma metodologia não invasiva chamada transferência dupla de calor (dual heat flux). Essa tecnologia avalia continuamente o gradiente térmico entre a pele e o núcleo corporal, permitindo monitorar o desvio de sangue para a pele e a proporcional redução da oferta de oxigênio para os tecidos. Essa limitação, parcialmente compensada pelo aumento da dessaturação da hemoglobina, não é suficiente para evitar a queda progressiva do ritmo de exercício e alterações do consumo de oxigênio.

Em outras palavras, o aumento da temperatura corporal desencadeia respostas fisiológicas que, ao mesmo tempo em que previnem a hipertermia, comprometem o rendimento. Por isso, o controle rigoroso desses parâmetros em treinos e competições é essencial para que o atleta sustente alta potência por longos períodos. Afinal, em uma maratona, não vence apenas o mais resistente, mas sim aquele capaz de manter a maior velocidade do início ao fim da prova.