O sono e o atleta

por | abr 7, 2025

O acesso constante a telas iluminadas de celulares e computadores tem contribuído para alterar o ciclo circadiano e a qualidade do sono daqueles que residem em grandes centros urbanos. Estima-se que 30% da população mundial apresente problemas no sono e que 10% também apresente disfunções na vigília que coletivamente caracterizam a insônia. Neste sentido, tal condição é frequentemente acompanhada de outra doença exacerbando ou sendo precedida por comorbidades. Entre os principais sintomas da insônia destacam-se a dificuldade para começar a dormir ou de acordar pela manhã, algo frequentemente observado em idosos.

No primeiro grupo, a redução da temperatura corporal que coincide com o início do sono encontra-se atrasado enquanto que no segundo grupo apresenta-se adiantado. Insones possuem maior risco de infarto do miocárdio, hipertensão e aterosclerose e também tendem a desenvolver doenças mentais e depressão. A perda crônica de sono é capaz de afetar o metabolismo, o sistema nervoso central, o sistema endócrino, inflamação e o sistema nervoso autônomo. Tendo em vista que a farmacoterapia com hipnóticas encontra-se envolvida em quedas com fraturas em idosos e também com aumento da mortalidade deste grupo, e considerando que a terapia cognitiva comportamental é procedimento de custo elevado que exige monitoramento contínuo, o treinamento físico se apresenta como alternativa para mitigar problemas de insônia. De fato, existe correlação positiva entre o baixo nível de atividade física e a maior prevalência de insônia. A esse respeito, estudos controlados randomizados realizados na última década tem confirmado que o treinamento físico aumenta a secreção de melatonina e promove efeitos positivos na qualidade do sono, na latência para adormecer, no tempo total de sono e na redução da severidade da insônia.

Ao melhorar a eficiência do sono e sua latência de inicialização, o exercício contribui para interação entre o ritmo circadiano e adaptações metabólicas, imunes, termoregulatórias e endócrinas. Interessantemente, a prática excessiva de atividades físicas também é capaz de provocar insônia e tal condição representa indicador dos estados de overtraining e overreaching frequentemente observados em atletas de endurance. De fato, atletas de elite são susceptíveis a distúrbios do sono que frequentemente se apresenta fragmentado e com duração inferior a 7 horas que parece associado com maior prevalência de infecções respiratórias.

WALSH et al. Sleep and the athlete: narrative review and 2021 expert consensus recommendations. Br J Sports Med v. 55, p. 356–368, 2021. BANNO, et al. Exercise can improve sleep quality: a systematic review and meta-analysis. PeerJ. v. 6, n. e5172, 2018.